Cafezinho na Nave / O mundo colorido de Cris Peter

A Cris nasceu em Porto Alegre em 15 de Junho de 1983, graduada em Publicidade e Propaganda pela PUC-RS, trabalha com editoras como Dark Horse, DC Comics e Marvel Comics e já coloriu personagens como Superman, Batman, Justiceiro, Capitão América, Quarteto Fantástico, X-men, entre outros. Foi indicada ao Eisner Awards por seu trabalho com a  graphic novel “Casanova”, dos gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon e em 2012, e fez as cores da arte de Danilo Beyruth na primeira Graphic MSP da Maurício de Sousa Produções: “Astronauta: Magnetar” (resenhada pelo Cleverson aqui).

Cris, explica um pouco sobre o seu trabalho. Em que parte da produção você entra?

Oi! Então, eu sou a penúltima pessoa a colocar as “mãos” na revista antes de ela ir para a gráfica. Primeiro o roteirista cria a história, depois o desenhista (que pode ser dois: um que esboça o lápis e outro que cuida da arte-final a caneta/nankin) sequencia e produz a ilustração das páginas, depois vem o colorista (eu!) pra dar mais vida e dimenção ao desenho e, por último, o pessoal dos balões na fase de letreiramento. Essa linha de produção com a equipe tão dividida é mais um modelo norte-americano, pois lá a produção de quadrinhos é muito mais insana do que aqui no Brasil. Lá são vários títulos mensais.

Como você descobriu seu talento para as cores?

Primeiramente eu coloria porque achava divertido. Sempre gostei de livros de colorir quando era criança, então quando descobri o photoshop, foi amor a primeira vista. Simplesmente comecei a colorir e meus amigos começaram a me oferecer trabalhos e foram anos e anos aprendendo a lidar com as cores. Não sei se o que eu tenho é talento ou conhecimento adquirido com os anos.

Preview Casanova – AVARITIA 02, written by Matt Fraction, with art by Gabriel Bá, colors by Cris Peter

Você se imagina fazendo outra coisa?

Claro que sim! hahaha! Desculpa, mas é verdade mesmo. Me imagino fazendo várias coisas diferentes disso, mas não tenho interesse, na verdade. Gosto do mercado onde estou inserida, e gosto da possibildade de, de vez em quando, dar uma fugida disso e participar de uma produção de vídeo, ou de uma peça de teatro, enfim. O maravilhoso desse meu trabalho é justamente o fato de ele não me prender. Posso fazer o que eu quiser pra quebrar a rotina, como por exemplo, escrever um livro.

Astonishing X-Men #62 Roteiro por Marjorie Liu Arte por Gabriel Walta Cores Cris Peter

Qual a sua maior satisfação com este trabalho?

Receber o feedback das pessoas que percebem o meu trabalho. Acho muito legal a resposta do pessoal. Ha pouco tempo atrás, muita gente não sabia que a minha profissão existia, hoje o pessoal está mais por dentro e é muito legal ver que a galera se interessa pelo meu trabalho.

Se alguem quiser ser colorista/color artist, por onde começar?

Comece praticando. Não é fácil ser colorista. Você olha o trabalho de alguns coloristas estabelecidos por aí e pode até pensar “credo! Que trabalho tosco! EU posso fazer isso”. Só que para chegar a ter uma chance com um editor seu trabalho tem de ser mais do que perfeito. Provavelmente o colorista tosco que está colorindo essa revista que você viu deve ser muito melhor, só que os prazos apertados acabam estragando a qualidade do trabalho dele. Então o primeiro passo é escolher um software e praticar, pedir opiniões, ver referências, etc. Deixe seu trabalho perfeito, eventualmente algum contato seu no facebook, ou no Deviant Art vai te descobrir.

Quem você admira na sua área? Que artistas ou trabalhos te inspiram?

aiiii… todo mundo me faz essa pergunta e eu nunca sei responder ela direito. hahahahaha Na verdade eu não tenho muitos favoritos. Eu gosto de misturar estilos, pesquisar não só quadrinhos, mas também fotos e ilustrações. Sempre depende muito da inspiração que estou buscando. O Dave Stewart vai ser pra sempre meu colorista mestre, mas minhas influencias são tão mistas que nem tenho como citá-las.

Dave Stewart – Joe the Barbarian

Como é o mercado de trabalho?

É difícil. Existem muitos coloristas, e cada um consegue pegar mais de uma revista para fazer mensalmente, então para entrar no meio é necessário muita persistência e contatos. Mesmo com um talento nato, é difícil. Seu trabalho pode ser lindo, mas se eles não tem revistas pra te oferecer, você não vai conseguir entrar. É necessário entrar em contato com um editor na hora certa.

Preview Daken Dark Wolverine 10, written by Rob Williams, with art by Giuseppe Camuncoli, colors by Cris Peter

Soubemos que você está escrevendo um livro. Conte um pouco sobre este projeto.

Sim! Finalmente! É um sonho antigo esse de escrever. Acho que é um sonho que tenho desde os meus 15 anos. Claro, meu sonho maior é o de escrever minhas histórias, mas como percebi o interesse do pessoal quando eu escrevia no meu blog ou no portal Rio ComicCon a respeito de cores, resolvi começar com esse livro teórico. Já escrevi minha monografia para a faculdade a respeito de cores nos quadrinhos, então quero fazer uma espécie de sequência dela, com uma linguagem bem mais divertida. Sem aquelas chatices de ABNT e aquele monte de regrinhas que não fazem sentido pra mim.

Acho que posso transmitir um ponto de vista diferente sobre o uso das cores. Como nunca achei muitos livros específicos sobre minha profissão, acabei estudando aqueles que existiam para as várias outras áreas e fiz um mash-up, aproveitando tudo o que eu podia. Acho que agora está na hora de fazer um livro sobre cor GERAL.

Algumas pessoas acharam o livro caro. Você pode nos detalhar um pouco sobre o processo de criação e o diferencial necessário nos materiais que você escolheu para a obra? Ahhh. Pois é… essas pessoas não entenderam o Catarse. O catarse NÃO VENDE O MEU LIVRO. Você está contribuindo como um investidor, e, dependendo do valor, você ganha um prêmio, e um desses prêmios é o livro físico. Aquele valor ali NÃO É O VALOR DO LIVRO, É O VALOR DA CONTRIBUIÇÃO.

Você pode doar 10 reais e depois comprar o livro em uma livraria. A escolha é sua. É muito normal esse equívoco, pois a plataforma crowdfunding ainda é nova no Brasil.

Não se trata de venda de produto e sim de viabilização de projetos através de arrecadação coletiva. Para chegar ao valor que estou pedindo, fiz orçamentos estimados e para o valor de cada prêmio, foi calculado seu custo. Para o prêmio que envolve o livro, somei o custo estimado do livro + o pacote + o envio para qualquer localidade do Brasil. Se eu não fizer esse cálculo antes, posso acabar falindo no processo. Imprimir um livro é muito caro. Ainda mais quando ele é todo colorido e deve ter um bom acabamento para não ter alterações nas cores. Fora todo o trabalho necessário de revisão, diagramação e manutenção do envio dos prêmios. É um projeto muito difícil de montar e realizar. Quem estiver interessado, planeje MUITO BEM antes de apresentar um projeto.

Colabore com o Projeto

A ideia da Cris é um livro sobre cores que tenha todo o conteúdo de teoria das cores, porém em uma linguagem agradável e acessível. Conheça o projeto dela no Catarse e aproveite que é aniversário dela para colaborar na realização deste sonho

Cafezinho na Nave / Meninos & Dragões

Olá, Cruzadores. Convidamos um jornalista e um ilustrador, que já são figurinhas carimbadas na podosfera, para tomar um cafezinho intergaláctico na nossa nave. Você certamente já os ouviu no Papo de Gordo, um dos podcasts mais acessados da internet brasileira, mas desta vez o papo não vai ser podcast e nem gordice, aqui é menos comida e mais quadrinhos. (Dudu, beijo no coração)

Cavaleiros, princesas, dragões e . . . videogames.

De que raios eu estou falando? Da dupla responsável por “Meninos & Dragões”, obra do roteirista Lucio Luíz com arte de Flávio Soares.

“Meninos & Dragões” está concorrendo ao “Prêmio Abril de Personagens”, então resolvemos assuntar com esta dupla dinâmica para conhecer este trabalho e, claro, para angariar mais alguns votos, os seus.

Os caras

Flavio F. Soares, 39 anos, nascido em São Paulo (onde vive até hoje) diagramador, editor de arte, ilustrador, roteirista, colorista, letrista e arte-finalista de HQs, autor das Webtiras A Vida com Logan – 2 vezes indicada ao prêmio HQ Mix –, e Losties e co-autor da HQ Anaquim (em parceria com o jornalista e roteirista Marcelo Soares, para o extinto jornal MTV na Rua), e, também com Lucio Luiz, da tira As Aventuras do MorsaMan.

Portfólio: flaviosoares.com.br e flaviofsoares.deviantart.com

Lucio Luiz, 34 anos, nascido no Rio de Janeiro e morador de Nova Iguaçu desde bebezinho. Jornalista,  educador, escritor e pesquisador acadêmico nas áreas de quadrinhos e cultura participativa. Coautor das tiras “As Aventuras do MorsaMan”, com Flavio F. Soares, autor do livro “Amor, escatologia e etcetera” e podcaster do Papo de Gordo.P

Qual é a temática abordada em “Meninos e Dragões”?

Lúcio: – A história fala sobre quatro crianças que vivem no Reino de Odilon, uma terra medieval que, ao lado de cavaleiros, dragões e fadas, também conta com videogames, skate, futebol e outras “modernidades”.

Quem são os principais personagens?

Lúcio: – O personagem principal é Rodrigo, um menino inconsequente que sonha em ser cavaleiro do Reino de Odilon. Ele sempre tem ideias estapafúrdias que colocam ele e seus amigos em várias confusões. Seu melhor amigo é Tobias, filho do maior cavaleiro do Reino, mas que está muito longe de ser corajoso. Ainda temos a princesa Amanda, que prefere ficar brincando e fazendo bagunça com os meninos do que que seguir os “rituais” da corte. Por fim, a fada Carlinha, que foi apresentada na segunda história. Ela vive na Floresta Doida, onde as fadas se escondem dos humanos, mas adora ficar junto com seus amigos do Reino de Odilon.

Como surgiu a parceria?

Flávio: – Começamos a trabalhar juntos na época de As Aventuras do MorsaMan, para o Papo de Gordo. Algum tempo depois, Lucio me apareceu com alguns outros roteiros em que ele queria trabalhar (e que ainda verão a luz do dia). Algum tempo depois, nessas conversas, ele surgiu com todo o conceito de Meninos & Dragões. A minha parte se resumiu a estipular o visual dos personagens e brigar com o Lucio sobre a quantidade indecente de coisas que ele queria que acontecessem em cada quadro. (risos)

Qual foi a inspiração para a obra?

Lúcio: – Quando comecei a pensar numa ideia para personages infanto-juvenis, busquei inspiração nas centenas de crianças com as quais eu convivo em minha escola (temos crianças de 3 a 17 anos por lá). Pensei em fazer um universo em que os personagens principais fossem crianças que vivessem em um mundo de fantasia. A ideia de ter esse toque de “modernidade”, com as crianças medievais assistindo TV ou andando de bicicleta, veio do fato de que as crianças não possuem as mesmas “amarras criativas” dos adultos na hora de pensar em seus mundos fictícios: elas misturam tudo de que gostam sem se preocupar com “lógica” ou “coerência”, essas coisas chatas que os adultos cismam em colocar no meio das histórias (risos).

Como é o processo de criação do roteiro e da arte gráfica?

Lúcio: – Para bolar o roteiro, eu normalmente penso primeiro no tema da história, geralmente fazendo um resumo de um parágrafo. Vou ajustando até conseguir fazer um resumo que traga início, meio e fim da história. Em seguida, faço um resumo “por página”, com o que deve acontecer em cada parte da história para ver qual o tamanho ideal dela. Aí, parto para o roteiro propriamente dito, fazendo a divisão dos quadros, escrevendo cada cena e colocando os diálogos. Passo pro Flavio, que dá um feedback. Geralmente, ajusto algumas coisas (eu tenho a mania de colocar muito texto, o que faz o Flavio me xingar bastante) e arrumo algumas cenas para que a história flua bem.

Flávio: – Resumidamente, o Lucio me passa o roteiro. Dou uma lida, faço algumas observações, conversamos um pouco sobre isso pra deixar a história mais “redonda” e começa o trabalho de arte. Normalmente eu faço um rascunho rápido das páginas em tamanho pequeno para ir estudando angulos, tamanho de quadros, etc. Em seguida vou direto para o computador e desenho tudo no Illustrator.
Como nosso prazo para entrega das HQs estava muito apertado (e sou um desenhista lento), buscamos a ajuda de outros profissionais para letreiramento, cor e arte-final. O processo acima acabou sendo adaptado para cada HQ. A primeira foi feita desse modo digital, com Marcela Mannheimer fazendo as cores. A segunda HQ (também 100% digital), foi desenhada pelo Wanderfel (Wanderley Felipe), com arte-final minha, cores de Marcela, Doni Amorim (também responsável pelas letras) e Aikau Oliva.
As duas últimas HQs eu desenhei do modo tradicional (papel e lápis) e o Doni fez a arte-final digital e as cores. Depois, eu fiz os letreiramentos.
O processo todo ainda precisa de ajustes para fluir melhor. Mas já sabemos como é produzir um gibi de 32 páginas.

Roteiro Bruto

PÁGINA 3:

Quadro 1 – Rodrigo e Amanda conversam, falando baixinho. Ela está dando uma olhada no lado de fora, conferindo se não vem ninguém.
Rodrigo – O que você tá fazendo escondida aqui?
Amanda – Estou tentando fugir do castelo. E você vai me ajudar!

Quadro 2 – O diálogo continua (os balões podem estar ligados com o do quadro anterior). Pode ter a Amanda olhando para fora de outro ângulo.
Rodrigo – O quê? Tá maluca? Por que você quer fugir?
Amanda – Eu quero escapar de um almoço chato que me obrigaram a ir.
Rodrigo – Mas seus pais vão ficar preocupados!
Amanda – Eu deixei um bilhete no meu quarto avisando que eu volto mais tarde. Não tem problema.

Quadro 3 – Eles estão na porta, prestes a saírem no corredor. Rodrigo com uma cara de “conformado” e Amanda, decidida..
Amanda – Vem, Rodrigo. Vamos aproveitar que não tem ninguém por perto.
Rodrigo – Você que manda, princesa.

Quadro 4 – Eles se assustam com barulhos vindos do fundo do corredor.
Rodrigo – Acho que vem vindo alguém!

Quadro 5 – Rodrigo puxa Amanda pelo braço, começando a correr.
Rodrigo – Vamos por aqui!
Amanda – Mas a saída é daquele lado!
Rodrigo – Relaxa! Eu tive uma ideia!

Traço

Página finalizada

Quem mais faz parte da equipe?

Flávio: – Nossa intenção – se formos escolhidos, é claro – é trabalhar com as pessoas citadas na resposta anterior e mais alguém que possa se juntar a nós durante a caminhada.

Custa caro desenvolver HQ de forma independente? O que vocês almejam para o futuro?

Flávio: – Custa muito caro. O leitor médio não tem noção destes custos e não faz uma idéia exata de como é difícil produzir HQs no Brasil. Não é fácil manter uma revista 100% nacional em bancas com uma periodicidade mensal ou bimestral. O custo para publicar material feito nos EUA, por exemplo, é infinitamente inferior e é por isso que as editoras preferem partir para esse mercado.
Pro futuro? Dominar o mundo, é claro. E também fazer mais algumas HQs, se der tempo. (risos)

O que é o Prêmio Abril de Personagens?

Lúcio: – Esse prêmio é uma iniciativa da editora Abril para encontrar novas ideias para se tornarem gibis voltados ao público infanto-juvenil. É a segunda edição do evento (a primeira, em 2010, deu origem aos gibis “Garoto Vivo” e “UFFO – Uma Família Fora de Órbita”). O vencedor assina contrato com a Abril, que passa a publicar um gibi dos personagens.

Passe uma cantada nos nossos leitores convidando-os para conhecer e votar em “Meninos e Dragões”

Flávio: – Oi. Você vem sempre aqui? Vem? Sério? Então por que cargas d’água tu não votou na gente ainda? Hein? HEIN?

Convite aos Cruzadores

Este foi o nosso Cafezinho na Nave, espero que vocês tenham curtido conhecer um pouco do trabalho desta dupla e fica aqui o convite para sugerirem outras pessoas que sejam queridas e acessíveis para convidarmos para tomar café com a gente aqui no Cruzador Fantasma.

Agora, mostrem o #CruzadorPower (beijão, Jovem Nerd) e corram lá votar em Meninos & Dragões para podermos ter essas delicinhas em papel *-*.

Leiam e Votem

Para votar é fácil, muito fácil. Você clica no link, lê a obra e escolhe quantas estrelinhas cada estória merece, aí é só e completar o formulário que pede um tiquinho de coisas (nome, estado, cidade, idade e e-mail) e pronto. A dica é botar 5 estrelas em todas as estórias de Meninos & Dragões. Vai lá ^^.  (ah, e tome cuidado pois o posicionamento dos concorrentes na página é randômico, então nem sempre é o do meio ou o do canto, ok? )

Cafezinho na Nave / Conheça Sonia Luyten

O nosso Cafezinho na Nave de hoje é com a pioneira no estudo científico das HQs no Brasil.

Eu tive o prazer de assisti-la na Gibicon, e fui agraciada com alguns pontos dos seus quarenta anos de carreira em docência e pesquisa, estou falando da mulher que é referência e exemplo quando se fala de quadrinhos, estou falando da Sonia Luyten.

Doutora em Ciências da Comunicação, Sonia fundou o primeiro curso de Histórias em Quadrinhos do mundo, na Escola de Comunicações e Arte (ECA/USP), organizou a primeira gibiteca e mangateca do Brasil e fundou também a ABRADEMI (outrora chamada de Associação dos amigos dos mangás).

Sonia é autora de diversos livros sobre quadrinhos, mangá e cultura e é amplamente premiada por seus trabalhos.

Morou por 15 anos no exterior,  como professora convidada em universidades do Japão, Holanda e  França.

No período de 2000-2005, foi professora e Coordenadora do Mestrado em Comunicação da Universidade Católica de Santos e presidiu o Troféu HQ MIX de 2008 a 2011. Além disso, a presença de Sonia é atração obrigatória nos melhores eventos de quadrinhos.

Ter a oportunidade de conhecer a Sonia pessoalmente e ter um aperitivo de sua história de vida e de profissão, na Gibicon,  foi certamente um presente.

A Sonia representa os quadrinhos com mais do que paixão, seu trabalho é a expressão e o registro do desenvolvimento do pensamento científico sobre quadrinhos, reconhecida dentro e fora do país e é com grande respeito e admiração que a chamei para tomar um cafezinho com a gente.

Você gostou da Gibicon? Quais foram as atividades que você participou e quais foram suas impressões sobre a produção de conteúdo no evento?

A Gibicon #0 foi só uma amostra do que seria este evento (Gibicon #1). Classifico de excelente pelo alto nível da programação. Eu participei, enquanto mediadora de duas mesas e dei uma palestra sobre meus 40 anos de atividades como docente na área de Histórias em quadrinhos.

Como a programação de palestras e debates foi bastante intensa, participei de algumas delas.

A programação enfocou muitas áreas que eu classifico de importantes para as HQs:

 1-  Mulheres nos quadrinhos – Acredito que deva continuar nas próximas edições para dar luz e voz às desenhistas brasileiras que estão no mercado.2-  Novos rumos para a HQ nacional –Revelou para o público novos talentos e aqueles que estão dando novas contribuições no Brasil.3- Palestras autobiográficas –Achei sensacional o destaque dados às carreiras de quadrinistas, pesquisadores, dando a oportunidade do público conhecer um pouco mais fundo quem é quem no quadrinho brasileiro (e internacional) 4- Grafipar e Gibiteca –O destaque dado ao Paraná e Curitiba em termos de produção e história (como foi o caso da Graficar)5- Exposições – As exposições  foram de tirar o fôlego de tão boas, temática bem escolhida e qualidade.


7- Locais –
A escolha de dar destaque à programação em diferentes locais da cidade.6- Convidados – A equipe da  Gibicon escolheu a dedo os convidados, todos de grande gabarito,  dando muito prestígio ao evento.

O que a Gibicon representa ou pode vir a representar para os quadrinhos?

A Gibicon tem seu espaço garantido no Brasil e já faz parte do calendário de atividades de Quadrinhos no país. Ela representa mais um passo em direção a consolidação da produção de HQ no país, a valorização da pesquisa acadêmica, um olhar direcionado  através das expoisções, dando ao público específico e ao público geral os passos firmes do mercado brasileiro.

Além disso, representa muito para Curitiba e ao Paraná pois atrai gente do Brasil inteiro para  conhecer e apreciar a cidade.

Sendo pioneira no estudo científico dos quadrinhos, qual é a dica que você dá para quem pretende estudar o assunto em âmbito acadêmico?

Primeira coisa é gostar de quadrinhos. Tem  de ser uma paixão.

Depois separar este aspecto (paixão, ser fã) e colocar um olhar de pesquisador para relevar o que se está estudando.

Convencer o seu orientador (a) de que esta área é importante também é fundamental.

Pode-se ver tudo através dos quadrinhos:  História, Português, Geografia, Física, Literatura, Medicina, enfim, as HQs contam a História do  século XX e agora do Século XXI sem censura, com humor, e através disto dando uma visão  bastante aprofundada em qualquer setor do conhecimento humano.

Qual a importância da produção acadêmica focada em quadrinhos?

A pesquisa acadêmica é o filé mignon do que existe de mais novo na área, com estudo detalhado no item que o aluno(a) está trabalhando. As editoras brasileiras ainda não perceberam isto e noto que nossa linha editorial carece de ter uma visão mais ampla ao editar as teses.

Como presidente do Troféu HQMIX, abri um novo setor de premiação: teses acadêmicas sobre Histórias em Quadrinhos e Humor Gráfico em 3 vertentes: TCC (Trabalho de conclusão de curso), Mestrado e Doutorado. O candidato, depois de passar por suas banca examinadora em sua universidade, passa por uma comissão de Doutores e Mestres do Troféu HQMIX para uma nova avaliação sob outros pontos de vista para se  eleger como o melhor do ano.

Além disso, a produção acadêmica (que enfoca pesquisa nas HQs nacionais) estará contando em detalhes nossa história. Minha experiência de lecionar e morar em outros países (Japão, França e Holanda) além de visitar outros eventos de HQ na Europa, Asia  e Estados Unidos só comprova isto.

O mundo conhece a história dos Quadrinhos de outros países através das pesquisas feitas e a publicação em livros. Nossa bibliografia sobre HQ está começando a engatinhar e espero que com minha contribuição, batendo nesta tecla há muitos anos, seja um sonho realizado.


» Cafézinho na Nave

Sonia é autora dos livros Comunicação e Aculturação, O que é Histórias em Quadrinhos, Histórias em Quadrinhos – leitura crítica, Cultura Pop Japonesa: mangá e animê, capítulos em livros e centenas de artigos em jornais e em revistas.

A Gibicon foi também a ocasião do lançamento da 3ª edição do seu livro Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses, obra que será resenhada em breve no Cruzador Fantasma.

Bryan Cranston desconversa rumor sobre Lex Luthor

filme bryan

Parece que Bryan Cranston, a estrela de Breaking Bad, mandou uma pegadinha do Mallandro para cima dos fãs do Cuecão quando comentou que achava Lex Luthor “um cara legal”. Se vocês não lembram o comentário foi o seguinte:

Eu gosto do Lex Luthor. Eu acho que ele é mal compreendido. É um cara doce e adorável.

Agora, enquanto concedia uma entrevista falando de seu próximo filme, All the Way, onde interpretará Lyndon B. Johnson, ele acabou por acabar prematuramente com a alegria de muita gente (ou não). Durante a entrevista comentaram com o ator que ele estaria comprometido para seis filmes no papel do vilão careca, ao que ele riu abertamente.

Seis?! Isso é novidade para mim. Pelo que sabia eu estava sendo cogitado mas mais pelo simples fato de ser um careca conhecido. Mas a verdade é que qualquer um pode raspar a cabeça ou colocar o topo de uma peruca careca.

Como vimos, o rumor “sério” começou a pouco mais de um mês quando apareceram listas de quem poderia representar o papel onde tudo começou com o burburinho citando o ator Mark Strong. O entrevistador em questão ainda insistiu no assunto, perguntando se ele cogitaria conversar com Gene Hackman para pedir conselhos sobre o papel, ao que ele prontamente respondeu estar mais envolvidos em projetos que não super-heróicos.

Depois de All the Way ele dirigirá um episódio de Modern Family e então, nas palavras dele, “eu acho que vou relaxar o resto do ano. Há alguns ferros no fogo, as coisas que as pessoas estão falando, mas nada está definido.”

E agora? Temos ou não um Lex Luthor definido para o próximo Batman/Superman? O filme, estrelado por Henry Cavill e Ben Affleck