
But there has been also the American dream, that dream of a land in which life should be better and richer and fuller for every man, with opportunity for each according to his ability or achievement.
( James Truslow Adams)

Esse post possui poucos porém MUITO significativos (e por muito significativos eu quero dizer: estragam o final) spoilers de Breaking Bad e RED. Proceda com cautela.
Com a recém-terminada última temporada de Breaking Bad, me vem ocorrendo algumas semelhanças entre a aclamada série de televisão e RED, um quadrinho não tão reconhecido, mas igualmente provocador. No cerne de ambas histórias (além de protagonistas carecas na meia idade) está o peso do sonho americano e as cicatrizes deixadas pela crença de que querer é poder e que o sucesso ou o fracasso dependem exclusivamente da vontade.
No site onde encontrei esse gif ele estava intitulado “walter white is an american badass”. Mais conveniente para meus propósitos neste post, impossível…
Segundo esta pesquisa da Folha, não estamos aqui no Brasil tão distantes deste mito. Acreditamos ser a maldade inerente às pessoas a maior causa da criminalidade e um surpreendente percentual de 33% dos entrevistados crê que a pobreza esteja ligada à preguiça dos que não querem trabalhar. Claro, isso significa menos da metade da população. Mas em um dos países mais desiguais do mundo, e onde até 2011 15% da população vivia ainda abaixo da linha da pobreza, é uma percentagem assustadora.
RED e Breaking Bad partilham, além de seus protagonistas badasses, carecas e de meia-idade a temática da falha do sonho americano como pano de fundo. Walter White (protagonista de Breaking Bad) e Paul Moses (protagonista de RED) no início da história são ambos a marca da hipocrisia da classe média de que aqueles que trabalham o suficiente merecem um descanso no fim da vida. Ambos são suficientemente relacionáveis para que de início acreditemos que eles sejam os heróis da trama. Eles se revoltam contra um sistema mau e isso é legal não?
Acontece que os autores não narram a história de heróis que abnegadamente lutam contra o sistema. Walter White, o pacato professor de química que resolve produzir e traficar drogas para pagar seu tratamento após descobrir que tem câncer, e Paul Moses, agente secreto aposentado que parte numa trilha de vingança após a atual direção da CIA resolver eliminá-lo, são menos instrumentos de transformação de seus mundos do que seus produtos. Espelhos que revelam, por uma redução ao absurdo, o lado negro do American Dream.
Tanto Walt, que progressivamente abraça mais e mais o espírito do capitalismo americano, como Moses, que censura a nova geração de agentes da CIA por não serem ‘homens de verdade’ e não aguentarem encarar o que agentes como ele fizeram (por ser “necessário”) para garantir a segurança dos EUA, estão completamente inseridos dentro da lógica do sonho americano, atraídos por essa fábula como insetos por uma chama.
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Evidentemente [SPOILERS à frente] como os insetos que se aproximam demais do fogo, o fim de ambos é trágico. Moses e White morrem porque nesse, e apenas nesse sentido, são ‘heróicos’: eles sofrem até às últimas consequências os males de sua cultura. São, os dois, rejeitados… White é o típico loser, que vê no tráfico a chance de se tornar alguém (o temido Heisenberg). Moses, no fundo, apenas quer ser aceito.
Como cidadão comum, aposentado, de início, depois por imposição, a ferro e a fogo quer fazer com que engulam sua acrobacia pseudo moral de que ele é um ‘homem de verdade’ que fez o que fez ‘pelo país’ e que tem nojo daqueles que vivem na cegueira de crer que a supremacia americana foi construída na base de valores democráticos e humanitários.
A brincadeira com um possível Breaking Bad canadense que colapsa no primeiro episódio mostra o quanto BB é um produto da cruel lógica de saúde estadunidense.
Os canais no Brasil que passam o seriado é o AMC e FX para ter acesso a esses canais da tv fechada recomendo utilizar um servidor de cs e esse sistema é muito bom tem teste grátis só paga depois que ja tiver usando
O fato é que apesar de podermos simpatizar com o drama dos dois personagens, eles são ambos completos babacas imorais e inconsequentes, que se escondem em desculpas esfarrapadíssimas (‘fiz pela família’, ‘fiz pelo meu país’) para justificar toda sorte de desvios éticos. A quase completa inconsciência moral de ambos de imediato os desqualifica como ‘heróis’.
Ambos porém garantem seu espaço como personagens bem construídos e críveis e que figuram entre os que com maior sucesso conseguiram realizar uma crítica de nossa época, mesmo usando formatos menos ‘prestigiosos’ aos olhos do público geral (TV e HQ) .
E isso tudo sem abrir mão de entreter.
Moral da história: massavéio não exclui roteiro bem elaborado, nem compromisso crítico do autor. #fikadika.