Fabulas Lendas no Exílio – Dica de Leitura

“Um dia, fomos mil reinos separados, espalhados por cem mundos mágicos. Éramos reis e sapateiros. Magos e carpinteiros. Tínhamos nossos pecadores, nossos santos e nossos alpinistas sociais desavergonhados. E do mais grandioso lorde à menina camponesa mais simples, nós éramos, no geral, estranhos uns aos outros. Foi preciso uma invasão para nos unir.”

Lendas no Exílio - Dica de Leitura

“Uma a uma, nossas terras espalhadas caíram sob o domínio do Adversário, engolidas pelo seu império sempre crescente. Se tivéssemos nos unido mais cedo, poderíamos ter conseguido detê-lo. (…) Muitos de nós não tiveram a chance de fugir. (…) Vivemos como fora da lei e fantasmas. Até conseguirmos vir para cá, para este monótono lugar mundano: o único mundo pelo qual o Adversário parecia não se interessar.”

Esse trecho, retirado (não inteiro) de uma narrativa direto da revista, resume bem o que aconteceu e qual o pano de fundo de Fábulas. Todos os seres mágicos que conhecemos, e vários que não conhecemos, viviam em seus mundos até que um mal crescente – conhecido como o Adversário – tomou mundo por mundo, fazendo com que as personagens lendárias das fábulas se transformassem em refugiados, abandonando suas terras e indo para o único lugar aparentemente desinteressante: nosso mundo.

Aqui, as fábulas vivem entre nós. Aqueles que possuem um pouco de poder ou dinheiro conseguem encantos das bruxas para disfarçarem sua verdadeira aparência e “se camuflarem” entre os humanos. Os menos afortunados ou, por definição, imutáveis, vivem reclusos em matas, esgotos ou em fazendas construídas para os abrigarem.

No primeiro arco de Fábulas conhecemos algumas lendas bem conhecidas como, por exemplo, O Príncipe Encantado, João (de todas as histórias e contos de fadas que possuem um João), Branca de Neve e Lobo Mau. O Príncipe é um charlatão de primeira: vive sem dinheiro e batendo de porta em porta atrás de um rabo de saia do qual possa tirar algum proveito e tudo isso por culpa da Branca de Neve, sua ex-esposa, que o chutou pra fora de casa depois de flagrar o maridão dando uns amassos na sua irmã caçula, a Rosa Vermelha.

Lobo Mau tornou-se o detetive da “cidade das fábulas”, que nada mais é do que um bairro administrado como se fosse uma cidade. Suas habilidades de caça como lobo vieram bem a calhar como investigador e é com ele que a história começa, quando João (atual namorado da Rosa Vermelha), vem ao seu encontro dizendo que algo horrível aconteceu. Rosa sumiu e seu apartamento está coberto de sangue. E é aí que desanda a maionese na cidade das fábulas.

No desenrolar das histórias, várias outras personagens aparecem e cada uma delas, magistralmente adaptada para o real, seja por suas fobias ou seus vícios, ou até mesmo apresentando o reflexo exato de sua personalidade mágica no mundo real, como é o caso do Pinóquio (que é sensacional!).

A revista inteira é recheada de grandes diálogos e conflitos, reviravoltas e intrigas, investigações e cenários dignos de Agatha Christie porém, tudo dentro do fantasioso mundo das fábulas (e dos quadrinhos), sem nunca deixar o humor de lado. Que é o mais importante.

Fábulas, publicada ininterruptamente desde 2002, é um dos clássicos dos quadrinhos lá fora e vem ganhando mercado cada vez mais rápido aqui no Brasil. Em seu formato original já alcançou 18 encadernados (12 deles já lançados aqui no Brasil*), que somam 122 revistas mensais, além de 9 spin-offs e ganhou, até o momento, 14 prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos. Segundo a IGN “a melhor série de quadrinhos em produção atualmente”.

Confesso que é difícil discordar da opinião da IGN. Leitura mais do que obrigatória.

Tags: No tags

Comments are closed.